O processo eleitoral vive, sob o governo Bolsonaro, permanentemente ameaçado. O assassinato de Marcelo Arruda, é mais um capítulo desse violento enredo e diz mais sobre o risco que estamos correndo, literalmente, do que sobre o PT.
Não basta para Bolsonaro destruir políticas públicas; as terras indígenas e seus povos; acabar com a nossa economia; vender a Amazônia como se fosse um produto; ameaçar a vida das mulheres; de negros e de LGBTs. “Só isso” não basta. Ele não prega apenas o ódio aos seus opositores, mas o extermínio físico de quem ousa desafiá-lo. Ele incentiva uma orda de fanáticos extremistas que está disposta a matar e morrer pela sua ideologia.
O risco de um golpe não está na ordem do dia. Não há apoio internacional, nem entre governadores ou entre a classe dominante, mas isso não o torna menos perigoso. Ao contrário, quanto mais isolado mais perigoso ele pode ser tornar. Contudo não nos resta outra alternativa senão seguir na luta para derrotá-lo, nas urnas e nas ruas.
Eles não querem só derrotar Lula nas eleições, eles querem se perpetuar no poder, querem fazer valer o racismo, a misoginia, a corrupção, o feminicídio e a LGBTIfobia. No fim das contas, é seguir com a boiada sem obstáculos.
Por isso não se trata apenas de uma disputa eleitoral. As lideranças políticas e sindicais que apostaram suas fichas nas eleições e esvaziaram a luta pelo impeachment e pelo Fora Bolsonaro, cometeram um enorme erro estratégico.
É possível derrotar eleitoralmente Bolsonaro, mas não o bolsonarismo. Este precisa ser derrotado no cotidiano de nossas vidas, nas escolas, nos bairros, nos sindicatos e nas lutas estudantis e contra as opressões. Ou entendemos que o que estamos vivendo é muito maior que o ódio ao PT, ou essa narrativa ainda vai custar muitas outras vidas.
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