Foi realizada na Câmara Municipal de Belém na última quinta, 09, sessão especial em homenagem ao centenário de Paulo Freire. Com participações de militantes históricos da educação popular, representantes da Prefeitura Municipal de Belém, da ALEPA e diversas ONGs e movimentos sociais, a atividade foi marcada por falas e apresentações potentes, demarcando os diversos atravessamentos que a obra do patrono da educação brasileira deixou de legado, de uma educação que deve ser pública, gratuita, contextualizada, socialmente referenciada, emancipatória e gratuita.
"É emocionante realizar essa sessão aqui, reunindo com pessoas das mais diversas esferas. Estamos nesse momento com um governo federal que é inimigo da educação, que tem um ministro da educação declarando que alunos com deficiência atrapalham. Tenho certeza que se Paulo Freire estivesse vivo ele estaria nesse mesmo lado da trincheira em que hoje estamos", observou o vereador Fernando Carneiro, do PSOL, que propôs e presidiu a sessão. Segundo ele, celebrar o legado freiriano é um ato de resistência, mas também de demonstrar como Freire vive nas mais diversas ações de educação popular, que seguem sendo realizadas em várias partes de Belém, do Brasil e do mundo.
O caráter internacional da obra de Paulo Freire foi reforçado pelo professor João Colares, professor da UEPA e membro da CEEAL - Conselho de Educação Popular da América Latina e Caribe. João, que foi um dos idealizadores da sessão, anunciou que durante o Fórum Panamazônico, que será realizado em Belém, no ano que vem, deverá ser realizado um encontro com educadoras e educadores populares dos nove países que compõem a Panamazônia.
OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS
Por sua vez, Jane Cabral, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um dos movimentos que mais sofrem com o terrorismo midiático e ideológico por praticarem educação popular não apenas nas escolas dos assentamentos, mas na própria dinâmica do movimento, ponderou sobre a importância do evento para as organizações populares presentes. "Não é sempre que o movimento social tem espaço pra falar nessa tribuna; que as pessoas do povo, professores de esquerda vêm falar, muito pelo contrário, nós precisamos lutar muito pra isso acontecer, mas se depender da gente, vamos continuar lutando, porque esse espaço tem que ser nosso", enfatizou.
O vereador Fernando Carneiro lembrou, ao final da sessão, que também é autor de dois projetos que colaboram para que haja maior participação popular na Câmara. Um é o "Sessões Itinerantes", cuja segunda experiência deve ser realizada ainda em setembro, na ilha de Outeiro; o outro é o "Tribuna Livre", que permite a qualquer organização da sociedade civil a falar por 10 minutos na tribuna da Câmara às quartas-feiras. Essa última iniciativa foi suspensa por causa da pandemia, mas com o avanço da vacinação logo será possível retomar tal prática.
LANÇAMENTO
O ANDES, Sindicato Nacional, aproveitou a sessão para apresentar a nova edição da revista "Universidade e Sociedade", que traz artigos com reflexões sobre o legado freiriano para a educação brasileira. Realizado em outras partes do Brasil, este foi, porém, o primeiro evento presencial de lançamento com presença de público. "Eu queria agradecer essa oportunidade em nome do ANDES, que esse ano completa 40 anos, da gente poder colocar aqui, para toda essa plenária com intelectuais, movimentos sindicais e populares, e poder celebrar esse momento marcante para todos os defensores da educação, que é o centenário de Paulo Freire", celebrou Joselene Mota, vice-presidenta do ANDES-Regional Norte 2.
REPRESENTATIVIDADE
Estiveram presentes na sessão especial nomes como Carlos Bordalo, deputado estadual pelo PT e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALEPA, Bia Caminha, vereadora do PT e presidenta da Comissão de Direitos Humanos da CMB, a vereadora enfermeira Nazaré Lima, Max Costa, secretário da Secretaria Especial de Direitos Humanos de Belém, Cassandra Bonifácio, da CDS, Márcia Bittencourt, titular da Secretaria Municipal de Educação, além de representantes de diversas organizações que vivencial a educação popular no dia-dia, como a Unipop, Rede Emancipa, Cursinho Popular TF Livre, Centro de Educação Popular Paulo Freire, entre outros.
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